Charles Bukowski

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* Mislele Souza da Silva

Charles Bukowski é um escritor muito comentado atualmente, destacando-se o papel das redes sociais na circulação de suas ideias. Sendo ele um autor “marginal” do século 20, fica o questionamento: por que ele faz tanto sucesso entre os jovens? Para tentar responder a essa pergunta é necessário falar um pouco do autor. Bukowski nasceu na Alemanha em 1920, mudando-se para os Estados Unidos aos três anos de idade. Filho de um soldado americano e de uma alemã, ele teve uma infância conturbada.

Aliás, a infância teve muita influência em sua vida e obra, em especial pelos súbitos espancamentos que sofria, transformando-o em um “garoto gélido” (termo utilizado no livro “Notas de um Velho Safado”). Os livros de Bukowski representam um pouco de sua própria vida. A cidade de Los Angeles serve de inspiração para o escritor, que mostra o universo marginal americano, o “submundo”, saindo do modelo do “American way of life”.

Por meio de seus relatos, mostra aspectos da sociedade americana que muitas vezes são mascarados: como a utilização feminina do sexo para “subir na vida”, a venda do corpo para a obtenção de bens materiais. E ele não está falando das prostitutas, mas das legítimas “damas da sociedade”, e temáticas que estão em ampla discussão no período, como o feminismo, que por vezes ele busca deslegitimar, mostrando os embates nos aspectos macro e micro da sociedade.

O autor explicita sua concepção sobre o sujeito por meio das representações e das práticas sociais “exibidas” no texto. “É possível amar um ser humano?”, ele pergunta. Reflete sobre a vida vazia das pessoas, neste mundo onde nada faz sentido, onde as pessoas são egoístas e individualistas, e uma garrafa de uísque pode ser uma escapatória (não seria apenas uma fuga momentânea?). No caso de Bukowski, suas bebedeiras e confusões fizeram dele um dos escritores mais conhecidos no século 20.

É esse ambiente insalubre, sujo, repleto de prostitutas, drogas e marginais que encanta os leitores; alguns se identificam com os aspectos apresentados pelo autor, como a amortização da dor por meio do álcool, e outros são cativados por essa áurea de um mundo profano, onde nada é impossível, e o que é proibido também é realizado. “É claro [que é possível amar um ser humano], especialmente se você não os conhece muito bem”…

*Mislele Souza da Silva é graduanda em História pela Universidade Federal de Uberlândia e integrante do Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da Cultura (Nehac). E-mail: mislele_lg@hotmail.com